sexta-feira, 3 de junho de 2011

DÉCIMA POSTAGEM!


TEORIAS E MODELOS EM GENETICA DE POPULAÇÕES. João Carlos Marques Magalhães Departamento de Genética, UFPR Décio Krause Departamento de Filosofia, UFSC Membros do Grupo de Lógica e Fundamentos da Ciência --CNPq1
"O campo do conhecimento que usualmente se denomina de teoria da evolução, tal como aparece nos livros acadêmicos, é um vasto domínio do conhecimento que tem múltiplas facetas, envolvendo um conjunto vasto de preceitos, explicações etc., que tratamos pelo que comumente chamamos de “teorias”, as quais sumarizam os diferentes modos, ou perspectivas, pelos quais nos aproximamos desse domínio. Essas ‘teorias’ têm em comum o seu objeto: as transformações dos seres vivos ao longo do tempo. As diferentes disciplinas evolutivas, como genética de populações, ecologia teórica, sistemática, biogeografia, morfologia e embriologia comparadas, compreendem exemplos do que podemos chamar de teorias, no sentido acima, e abordam estas transformações a partir de diferentes pontos de vista, métodos e objetivos. Cada uma delas, por sua vez, comporta, ou supõe, diversas outras ‘teorias’, algumas de grande generalidade, outras mais específicas. Esses construtos, por sua vez, valem-se de recursos teóricos, que são utilizados para se investigar sistemas biológicos, tomados eles próprios como modelos (no sentido informal) da teoria considerada. Assim, para efeitos de maior precisão terminológica, talvez seja melhor dizer que as aproximações informais, feitas na linguagem usual, eventualmente suplementada com conceitos específicos da matemática, da física, da química e da biologia (e eventualmente de outras áreas), devam ser qualificadas como teorias informais (alguns preferem dizer prototeorias ou quase-teorias). As teorias propriamente ditas seriam as versões axiomáticas (ou formalizadas) desses construtos, nas quais se pode indicar de forma precisa quais são seus conceitos primitivos (se há algum), sua linguagem, sua lógica subjacente (se há uma), e assim por diante. No entanto, devido ao uso comum desses termos, continuaremos a chamar de teoria idistintamente a versão informal de um determinado campo do conhecimento, bem como à sua (na verdade, a uma de suas) abordagens axiomáticas ou formais. O contexto e o bom senso permitirão que o leitor faça a devida distinção, de forma que não precisamos discorrer mais sobre questões de terminologia."
"A teoria da seleção natural de Darwin e Wallace4 forneceu, entre outras coisas, uma explicação para as transformações dos seres vivos ao longo do tempo e para a origem das adaptações biológicas. Esta teoria é reconhecidamente uma das principais fontes do moderno pensamento biológico. Sua aceitação, entretanto, foi problemática. Ao final do século XIX, a evolução dos seres vivos já era aceita pela maioria dos cientistas. A teoria da seleção natural, entretanto, era apenas uma das várias explicações existentes para o processo evolutivo, sendo que nos anos em torno de 1900 existiam várias teorias alternativas (ver, p.ex., BOWLER, 1985), o que exemplifica o perspectivismo, no sentido em que estamos usando esta palavra."
"O objetivo deste artigo foi fornecer um exemplo de como métodos formais (no caso a axiomatização à maneira de P. Suppes) podem ser úteis na discussão de conceitos, da estrutura teórica e de problemas metodológicos relativos à biologia evolutiva. Na verdade, não cremos que possa haver um entendimento conceitual aprofundado de qualquer teoria sem que se proceda a sua axiomatização."

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